quarta-feira, 10 de março de 2010

Vem...

Vem, porque eu sou tua

Toma minha carne crua

Mastiga com os dentes de tu’ alma

Porque quando você me acalma

Sei que és irmão gêmeo meu

Sei que quando o mundo for um breu

Vou recordar dessa oração

Corpo, alma e coração

Pois lembrarei que não estou sozinha

Tua alma, irmã da minha

Vai estar ao meu lado

E me abraçar

Seguir ao meu lado até tudo passar

Vou fechar os olhos, prosseguir nesse mundo

Esperando o momento do despertar profundo

Esperar tua vez de se libertar

Vou estar aqui, vou te receber, vou te amar

Vou ser bem feliz, esperando você voltar.

só o começo

Voltamos à beira do abismo


De onde não se vê o que

Já se trilhou

Nem nenhum caminho

A se trilhar.

Voltamos, cá estamos

A nos entreolhar.



Não vejo tristeza

Mas também não enxergo esperança

Esse algo que sumiu de nossos olhos

Pra deixarmos de uma vez

De ser criança

Houve um tempo em que pensei

Que sonhos fossem imortais

Até vê-los despedaçados 1 a 1

À deriva na beira do cais.



De cacos e abismos

Dos momentos divididos

Guardei tudo numa caixa

Na ultima gaveta da alma.



Foi bom e sempre vai ser

Poder olhar pra você

E saber que o precipício

Não se fez de erros

Mas estava lá desde o início,

Desde quando venderíamos fácil

Qualquer sentimento sem preço.



Já ia me encerrando e quase me esqueço

Boa sorte no abismo,

Prenda a respiração e feche os olhos

Isso é só o começo.

...pra que sofrer?

Pra que sofrer


Se aprendi a esperar?

Eu sei que ainda vou ver

Mais uma vez você voltar

Voltar com aquela cara

De quem não devia ter partido

Não vai faltar mais nada

Pro seu paraíso perdido.

Senti por tantas vezes

Que você era só meu

Apostei no jogo deles

Adivinha no que deu?






Não vou mais perder

Não vou mais me machucar

Limites são pra prender

E sonhos pra libertar

Vivi, corri, sonhei

Dos limites me libertei

Vou esperar você voltar

Mais uma vez.

O truque

Perto demais das minhas mãos


Distante como sempre

Em teu propósito...

Relembro agora do truque da vida

Pra por o mundo entre nós dois.



Quem custa a entender

Acaba por não aceitar

E a vida parece curta demais

Segundos antes de se afogar.



Sabíamos de cor como ia acontecer

E entre outras coisas

Ainda nos conhecemos bem

A gente sabe como é

Que tudo vai acabar...



Quero relembrar como é o trque...

Qual carta vem agora?

Vou perder no meu jogo outra vez?

Vou pagar de novo pra ver?



Perto demais dos meus olhos

E longe, como sempre

Da minha mira.

Não vou perder outro tiro,

Não vou me entregar ao destino



Porque se é perto de você que me sinto

Mais próxima de mim

Essas dúvidas indissolúveis não deviam

Doer e causar tanto assim.

evidência...

Tá difícil de esconder na cara


O que é tão evidente na alma,

Não dá pra fingir...



É complicado ficar cara-a-cara

Se é tão evidente que perco a calma

Só posso fugir.



Se essa aflição

O corpo todo sente

Porque fingir, então

O que já é tão evidente?



Fatiando nossas vidas

Dilacerando nossa pele

Ignorando as feridas

Fingindo não ser verdade.



Não posso encarar os fatos

Não posso olhar você

E desmanchar salas e quartos,

Desmanchar eu e você...

Bem-casado

Porque todas as canções bregas deviam


Levar seu nome no título

Esse sentimento velho e rançoso

Essa dor sem graça que não passa mais...



E todas as canções que falam

De dor de cotovelo, que ridículo!

Essa vontade velha e teimosa

Esse desejo sem graça que não passa mais...



Porque quando olho você e ouço

Violinos como canções velhas

De velhas cantinas italianas

E isso é muito brega!



Esse arrepio que dá é démodé

E ficar de paquerinha já não rola

Achei que você pudesse ver,

Mas ambos concordamos: que cafona!



Eu esperava que você pedisse minha mão

Bolo e champanhe no noivado

Véu, grinalda e uma procissão

Carros cheios de lata, bizinasso

Para celebrar a comunhão.



Mas chuva de arroz é convencional

Demais pra nós dois

E ficamos assim, com essa cara

De assunto pelo meio

Esperando o recheio

Do docinho bem-casado.

alma de poeta

Tenho alma de poeta
Não posso ser tão asceta

Em fazer o que proponho

E ser fiel ao que me oponho.



É que decidi ser errada

Logo que encarei a estrada

Não falo do passado, tão duro

Nem das lagrimas vertidas no escuro...



Falo da essência que já não existe

De preferir no mundo, ser mais triste

Nunca acreditei em quem diz

Que a gente nasceu pra ser feliz.

Fico com a melancolia

Dos dias de chuva, sem euforia,

Da paixão, já sem brasa,

Do caminho de volta pra casa..



Eu fico assim, sem rumo

A cabeça perdendo o prumo

Nada mais vai me guiar

Prefiro sair por ai e vagar...

Vagar...